
Encontro promove integração entre projetos financiados pelo Programa Biodiversidade do Litoral do Paraná
Representantes de organizações sociais, órgãos públicos e instituições acadêmicas participaram do I Encontro do Programa Biodiversidade Litoral do Paraná, com trocas, articulações e planejamento conjunto
O Programa Biodiversidade do Litoral do Paraná reuniu, pela primeira vez, 55 representantes de 45 dos 46 projetos apoiados — incluindo lideranças de organizações da sociedade civil, universidades e órgãos públicos — para dois dias de intercâmbio e articulação estratégica. Realizado nos dias 9 e 10 de abril, o encontro teve como foco integrar iniciativas, fortalecer redes e alinhar diretrizes para a conservação da biodiversidade no litoral paranaense.
Realizado em Morretes, o evento foi marcado pela escuta ativa, trocas entre instituições e reconhecimento mútuo. Para muitos dos participantes, a possibilidade de conhecer os rostos por trás dos projetos foi o grande diferencial da iniciativa. A programação incluiu mesas institucionais, apresentações dos projetos e atividades de integração, que promoveram discussões sobre sinergias, lacunas e oportunidades comuns às iniciativas. A comunicação também teve espaço de destaque, com a apresentação do plano elaborado para o Programa.

Integração
Na tarde do primeiro dia, os participantes se dividiram em grupos para o Café Mundial, uma metodologia que favoreceu o diálogo em torno de temas específicos como proteção ambiental, pesquisa, monitoramento e educação. A proposta era identificar sinergias, lacunas e oportunidades de cooperação entre os projetos apoiados. Cada mesa contou com a presença de iniciativas diversas, criando espaço para trocas inspiradoras.
O momento de integração foi destacado por Astério Heidemann, engenheiro florestal da Secretaria do Meio Ambiente de Guaratuba. “Todas as Unidades de Conservação aqui do litoral estão muito próximas. A troca de experiências foi maravilhosa, com pessoas de muita experiência. Essa sinergia entre os projetos vai nos ajudar muito, especialmente na gestão do Parque Natural da Lagoa do Parado, que estamos estruturando com o apoio do Programa”.
Para Rodrigo Delonga, engenheiro florestal da Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura de Paranaguá, o encontro representou uma oportunidade estratégica para ampliar as perspectivas dos projetos municipais. “A troca de experiências com outros atores envolvidos foi muito boa para a continuidade dos projetos financiados pelo Programa. Agora, com uma visão mais ampla do Biodiversidade Litoral do Paraná, nossa expectativa é alavancar ainda mais as ações nas unidades de conservação municipais de Paranaguá”, afirmou.
Comunicação ambiental
No segundo dia, parte da programação foi dedicada à comunicação do Programa. A equipe de comunicação apresentou o planejamento da área e conduziu uma dinâmica para inspirar a criação de ações conjuntas. Rodrigo Torres, analista ambiental do ICMBio e integrante do Conselho Gestor do Biodiversidade Litoral do Paraná afirmou que esse é um passo fundamental. “Os projetos estão agora se desenvolvendo mais plenamente. Começar a comunicá-los de forma mais ativa, integrada e forte vai dar um impulso para o Programa e instigar novas instituições a participarem de futuras chamadas, ampliando o impacto positivo para o litoral paranaense”.






Fortalecimento de rede
A sensação de pertencimento e de rede foi o grande saldo do I Encontro de Projetos. Na plenária final, os grupos compartilharam as principais conclusões dos debates realizados no primeiro dia. De acordo com eles, o formato colaborativo favoreceu o reconhecimento de pontos em comum e fortaleceu a percepção de que, mesmo com atuações distintas, os projetos compartilham objetivos e desafios semelhantes.
Para Camila Domit, presidente do Conselho Gestor do Programa e coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação de Mamíferos e Répteis Marinhos (LEC) do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná, o grande valor do encontro não esteve apenas na troca de informações técnicas ou na apresentação de projetos, mas no reconhecimento das pessoas por trás de cada iniciativa. “Mais do que conhecer os projetos, foi importante entender o cenário em que foram propostos, as expectativas das pessoas que estão executando e o quanto elas estão empenhadas. Foi um momento de conexão entre ideias, vontades e dedicação”, destacou.
Segundo Camila, esse processo gerou um sentimento de pertencimento entre os participantes e tornou visível a potência das sinergias possíveis entre as ações apoiadas. “As pessoas se sentiram mais parte do processo. Foi um momento de empatia, de enxergar o outro não como um adversário, mas como alguém com quem se pode construir junto. Se a gente fortalecer essa rede, mesmo que o recurso acabe um dia, o que foi gerado aqui terá um valor imensurável para o litoral do Paraná”, concluiu.
Sobre o Programa
Criado em 2021, o Programa Biodiversidade Litoral do Paraná tem como missão conservar a biodiversidade do litoral paranaense, fortalecer Unidades de Conservação e promover um desenvolvimento que respeite o meio ambiente e as comunidades locais. A iniciativa surgiu a partir de um Termo de Acordo Judicial (TAJ) firmado em 2012 como compensação pelo vazamento de mais de 52 mil litros de óleo diesel no meio ambiente. O acordo garantiu a destinação de R$ 110 milhões ao longo de dez anos para ações de recuperação ambiental e fortalecimento da conservação no litoral.
O Programa atua nos municípios do litoral do Paraná apoiando e financiando projetos que envolvem restauração de ecossistemas, proteção de espécies ameaçadas, monitoramento da biodiversidade, educação ambiental, valorização de comunidades locais e fortalecimento de UCs municipais, estaduais, federais e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). As primeiras chamadas públicas selecionaram 46 projetos.
A gestão financeira e operacional é realizada pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e a governança é compartilhada por diferentes instituições, com participação de organizações da sociedade civil, instituições de ensino, órgãos ambientais e instâncias de fiscalização, como os Ministérios Públicos Estadual e Federal.
Fique por dentro das novidades, acompanhe o Biodiversidade Litoral do Paraná no Instagram
Fotos: Felipe Nunes